quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

era uma vez um choro depois da insolação

o sol queimou meus olhos.

não sabia ele que estes
chorariam mais tarde?
agora arde
e o sal alardeia sua presença
mesmo tendo ido o dilúvio
e o sequer molhado
ter secado

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

tantos dias de vida-reza

(à minha avó)

esses olhos verdes mergulhados
em lacrimejos não descidos,
brilho espesso, esmeralda cozida

coseu sua vida com as
linhas contas dos terços
dos peços e agradeços
dos tem misericórdias
e dos eu mereços

com sua fé
garante meu bem:
pedindo a Ele
que me abençoe
guarde e proteja
e eu, de amor,
amém

desreciprocidade súbita

Por um momento
recebo amor,
dou nada.
Algo me corrói.
Paralizo.
Qualquer movimento
e sou submergido.
Oco, não ecoe!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

sobre um dia que dura 23:59:59(...)h

me dá meu segundo,
carinho sequer nesse mundo,
não deixe o meu dia suspenso
- de castigo na gangorra -

um vazio profundo
me transborda moribundo
e desse oco abano um lenço
- em paz me socorra -

nao te contei da receita
que hoje experimentei
nem do café tão quente
que a língua queimei

achei um molde de bravura-de-amor
amassado, empoeirado, esquecido
nada que não possa ser consertado
se aproveitado esse tempo de calor

pra amaciá-lo e remodelá-lo
à forma tua, meu amor.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

observando nuvens

um gigante úmido
tenta se proteger
de uma luz ofuscante
mas é decaptado
pelo calor
do raio solar

tido sentido

por se punir
de tanto
não-sentir
sentido
questionou
ao oniquestionado
quando chegaria
o pós-seta
que revelaria
ter sentido
em tudo
que se tenha
tido