quarta-feira, 16 de março de 2011

lamentava os amores de vento
até que um redemoinho
redemoeu seu peito
numa rajada de
momento

fosse assim

fui limpar minha cara
e não tinha algodão.
claro, fui pra janela
escolher uma nuvem
a mais branca e
melhor absorvente.

tem uma boa vindo
à esquerda, esperei.
quando pude alcançar
peguei grande chumaço
que já na minha mão
foi se acinzentando.

caiu um pedaço no
meu pé e num logo
logo escureceu.
esfreguei a nuvem
na cara: bochechas
testa, nariz, pescoço
pálpebras.

fechados olhos,
senti água escorrer
pesado pelos braços
entornando pelos
meus cotovelos:
fez poças no chão.

já lago, meus pés
alcançados, molhados,
me arregalaram os
olhos de supetão
num susto elétrico:
descarga de raios.

da congestus só
vi a cumulonimbus
enchendo tempestades
em meu banheiro.
a pavor saí, tranquei
difícil aquela porta.

no quarto o espelho
tanto mais me apavora:
eu estava tão limpa
como nunca ter existido.
má nuvem levou minha
humanidade.

segunda-feira, 14 de março de 2011

o dia fazendo mais força

minhas noites tem
sido cedo dormidas,
pesadas, e as suas?
não deve estar
à minha procura

que de tanta minhas
pálpebras fura
meu dedos
ventriloca
e minha boca
- rasgada de sorrir -
te evoca


pois eu tenho mesmo
é dormido como se
morta